As doenças transmitidas através da ingestão de água e alimentos contaminados estão entre os principais riscos para a saúde, principalmente durante as viagens. Mais de 250 doenças podem ser transmitidas desta forma, causadas por agentes infecciosos (incluindo príons), toxinas (produzidas por agentes infecciosos ou por organismos marinhos) e contaminantes químicos. Estas doenças podem ocorrer em qualquer país do mundo, inclusive nos mais desenvolvidos. Em países em desenvolvimento, onde a infra-estrutura de saneamento básico é inadequada ou inexistente, o risco de transmissão é ainda maior, visto ser relativamente comum a contaminação das fontes de água e de alimentos com resíduos fecais.
TRANSMISSÃO
Os agentes infecciosos (bactérias, vírus, helmintos e protozoários) são a principal causa de doenças transmitidas por água e alimentos contaminados em viajantes. A influência do consumo de bebidas alcoólica, do stress e da mudança na dieta como causa de diarréia ainda não está claramente definida e, provavelmente estes fatores são responsáveis por uma parcela dos casos leves que evoluem sem febre ou comprometimento significativo da saúde do viajante. Estas doenças podem ser freqüentes, como a diarréia dos viajantes, ou raras e graves como a encefalopatia espongiforme transmissível (“doença da vaca louca”), que é invariavelmente fatal.
A maioria dos agentes infecciosos pode ser adquirida através de transmissão fecal-oral, resultante da contaminação de água e alimentos por dejetos, direta ou indiretamente. A disposição inadequada de dejetos, comumente humanos, ocasiona a contaminação da água que é utilizada para consumo e preparação de alimentos. A contaminação pode ocorrer antes, durante ou após o preparo dos alimentos e pode estar relacionada com a preparação inadequada (alimentos não lavados adequadamente, crus ou mal passados), com a manipulação sem higiene correta (mãos que não foram adequadamente lavadas) ou com o contato com insetos (moscas e baratas).
O consumo de alimentos preparados por vendedores ambulantes ou a ingestão de alimentos crus (ou inadequadamente preparados), em especial frutos do mar, constitui um risco elevado de adoecimento para o viajante A alimentação feita diretamente com as mãos ou o compartilhamento de um mesmo recipiente com outras pessoas (comum em diversas culturas), aumentam o risco de aquisição de doenças.
A diarreia, em geral, pode ser uma infecção alimentar, ou seja, ocorre após a ingestão de água ou alimentos contaminados por um agente infeccioso, que pode multiplicar-se no trato digestivo humano. As intoxicações alimentares são doenças freqüentes, inclusive em países desenvolvidos, e resultam da ação de toxinas elaboradas em razão da multiplicação de agentes infecciosos nos alimentos antes, durante ou após o preparo, ou seja, antes do consumo (toxinas pré-formadas).
Medidas de proteção individual
Para desinfecção de frutas, verduras e legumes deve ser utilizado 2 ml (40 gotas) de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água, ou comprimidos de cloro na concentração indicada pelo fabricante. Preliminarmente, para reduzir a quantidade de matéria orgânica presente, devem ser lavados com a água tratada com cloro. Em seguida devem ser mantidas imersas por 30 minutos na água clorada. Após este período de tempo, antes do consumo, devem ser lavados com água tratada com a mesma concentração de cloro adequada à sua utilização como bebida. A desinfecção deste tipo de alimento deve ser feita mesmo quando existe uma rede pública com água tratada disponível.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o tratamento da água a ser utilizada como bebida ou no preparo de alimentos, com 6 mg de cloro para cada litro. O cloro é bastante eficaz contra diversos agentes infecciosos (bactérias, vírus, protozoários, helmintos, fungos). O tratamento pode ser feito com hipoclorito de sódio a 2 – 2,5% (água sanitária) ou cloro em comprimidos.
Fonte: CIVES – UFRJ
Doenças de origem alimentar mais comuns
As doenças de origem alimentar podem ser classificadas em três grupos:
Toxinfecções Alimentares – são doenças transmitidas pela ingestão de alimentos contaminados por bactérias, fungos, vírus, protozoários e seus respectivos produtos tóxicos.
Intoxicações Químicas – são doenças ocasionadas pela ingestão de alimentos contaminados por metais, agrotóxicos e substâncias raticidas e inseticidas usadas contra pragas.
Intoxicações Naturais – ocorrem por confusão na escolha de produtos semelhantes a espécies tóxicas de plantas e cogumelos, ou contaminação natural de peixes, moluscos e mexilhões com substâncias tóxicas.
De acordo com os estudos estatísticos da Organização Mundial da Saúde, das doenças de origem alimentar, mais de 60% dos casos decorrem de técnicas inadequadas de processamento e contaminação dos alimentos servidos em restaurantes.
As toxinfecções alimentares dependem, fundamentalmente, de quatro fatores:
HIGIENE, TÉCNICA, TEMPERATURA E TEMPO
Toxinfecção Alimentar
Higiene
Ambiental
Alimentos
Mãos do Manipulador
Hábitos do Manipulador
Utensílios e Equipamentos
Técnica
Armazenamento
Preparo e Manipulação
Conservação
Temperatura
Conservação de Matéria-Prima
Manipulação e Preparo
Armazenamento de Alimentos
Exposição ou Distribuição
Tempo
Armazenamento
Manipulação e Preparo
Exposição e Distribuição
PRINCIPAIS AGENTES DE TOXINFECÇÕES ALIMENTARES
STAPHYLOCOCCUS AUREUS
Período de incubação de uma a seis horas
Fonte
nariz, boca, pele e mãos
Contaminação
manipulação inadequada dos alimentos
Alimentos envolvidos
carnes cozidas, produtos lácteos, cremes e recheios doces ou salgados
Quadro clínico
vômitos, náuseas, diarréias, prostração
BACILLUS CEREUS
Período de incubação
de oito a vinte e duas horas (forma diarreica) de uma a seis horas (forma emética)
Fonte
solo, cereais e grãos, farinhas e hortaliças
Contaminação
cruzada, principalmente por vegetais, caixas de transporte e exposição a pó
Alimentos envolvidos
arroz, feijão e outros cereais e vegetais cozidos, pudins e cremes de amido, sopas de vegetais e massas secas
Quadro clínico
náuseas e vômitos na forma emética e diarréia na forma diarreica
CLOSTRIDIUM BOTULINUM
Período de incubação
de doze a setenta e duas horas
Fonte
solo, vegetais, frutas e peixes
Contaminação
manipulação/industrialização inadequadas
Alimentos envolvidos
conservas de origem vegetal, carnes cozidas, patês, escabeche
Quadro clínico
visão dupla, dificuldade para falar ou engolir, paralisia
CLOSTRIDIUM PERFRINGENS
Período de incubação
de oito a vinte e duas horas
Fonte
solo, fezes e hortaliças
Contaminação
cruzada, carnes e aves, caixas de transporte
Alimentos envolvidos
Carnes mal cozidas, legumes cozidos, massas
Quadro clínico
cólica, diarréia e dores abdominais intensas
ESCHERICHIA COLI
Período de incubação
de cinco a quarenta e oito horas
Fonte
fezes, água
Contaminação
cruzada, matéria prima
Alimentos envolvidos
hortaliças, carnes mal cozidas, saladas, massas frescas, alimentos manipuladoss
Quadro clínico
diarréia sanguinolenta, vômito, cólicas, febre na dependência da ingestão d toxinas ou do agente
SHIGELLA
Período de incubação
de doze a setenta e duas horas
Fonte
fezes, água
Contaminação
cruzada, manipulação
Alimentos envolvidos
manipulados
Quadro clínico
diarréia com muco e pus, cólica e mal estar
LISTERIA MONOCYTOGENES
Período de incubação
indeterminado
Fonte
solo, água em putrefação, animais domésticos e aves
Contaminação
cruzada, matéria-prima
Alimentos envolvidos
produtos lácteos, patês, presunto, lingüiças, alimentos mal cozidos e de confeitaria
Quadro clínico
cólica, diarréia, calafrios, dores nas juntas, linfadenites
Fonte: http://www.prodam.sp.gov.br
Vivendo a aprendendo, todos os dias. Quanta informação importante por aqui. Gostei demais.